Setor Hídrico e Covid-19

Setor Hídrico e Covid-19

A lavagem das mãos é uma das principais recomendações para evitar a transmissão da Covid-19, mas essa atividade simples se torna difícil ou impossível sem o serviço de água.

No Brasil, 35 milhões não tem acesso à agua potável e 100 milhões vivem em localidades com esgoto a céu aberto.

No novo ranking do Saneamento Básico, publicado pelo Instituto Trata Brasil, os indicadores nos 100 maiores municípios apontam estagnação nos últimos anos. Das 10 piores cidades quanto ao serviço de coleta, nove são do Norte ou Nordeste. Os números do tratamento são ainda piores. Mais da metade do volume total de esgoto é lançado in natura em córregos, lagos e praias. Esse mesmo recurso hídrico, que recebe cargas elevadas de poluentes sem tratamento ou desinfecção, é usado para abastecer a população.

Rio de Janeiro

Uma análise de pesquisadores da UFRJ feita na Bacia do Rio Guandu chegou à conclusão de que que o gosto ruim e o mau cheiro na água da Cedae sentidos pelos moradores do Rio no começo do ano não foram provocados pela geosmina, como se afirmava. A pesquisa, realizada durante três meses pelo Instituto de Microbiologia da UFRJ aponta forte presença de esgotos doméstico e industrial na água do Guandu, que abastece 70% da Região Metropolitana.

O laudo técnico do estudo afirma que a "alta abundância de bactérias de origem fecal e bactérias degradadoras de compostos aromáticos sugerem contaminação por esgoto doméstico e industrial". E essas bactérias estão presentes em número até mil vezes maior que o tolerado.

Também foram identificadas bactérias entéricas de diversos gêneros que seriam indicadores da contaminação por fezes humanas. O documento chama a atenção que a presença de microrganismos "potencialmente patogênicos e tóxicos na água bruta e no manancial é um alerta para a necessidade de monitoramento dessas águas".

Covid-19 na Água e Efluentes

Como a estrutura do vírus que transmite a COVID-19 se assemelha a de outros coronavírus, alguns estudos conduzidos com outros vírus da mesma família trazem informações importantes. Um estudo publicado em 2009 identificou a persistência de vírus semelhantes ao SARS CoV-2 em águas naturais e no esgoto por mais de 10 dias. Esses autores também relataram a possibilidade de contaminação por meio de gotículas (aerossóis) provenientes do esgoto infectado.

Em outra pesquisa, conduzida em testes in vitro em 2005, foi avaliada a persistência do vírus responsável pela SARS em água de torneira sem desinfecção (adição de cloro), águas residuárias de hospital e esgoto doméstico, verificando a permanência do vírus nesses ambientes por dois dias a 20 ºC. Entretanto, a permanência do mesmo vírus em fezes e urinas foi de, respectivamente, 3 e 17 dias.

No mesmo estudo, mostrou-se que o SARS-CoV foi mais suscetível ao processo de desinfecção do que a Escherichia coli. Para uma concentração de cloro residual acima de 0,5 mg/L, verificou-se a inativação completa do SARS-CoV, enquanto essa completa inativação não foi verificada para a Escherichia coli. Os dados sugerem que as práticas padrão de cloração do sistema de águas residuárias municipais podem ser suficientes para desativar os coronavírus, desde que as concessionárias monitorem o cloro disponível durante o tratamento para garantir que ele não tenha sido esgotado. Importante também o monitoramento da geração de organoclorados no processo de cloração das águas residuárias.

Não há relatos de que o vírus transmissor da COVID-19 tenha sido detectado na água de abastecimento público em que o tratamento inclui a etapa de desinfecção.

Os métodos convencionais de tratamento de água para potabilização, utilizados pela grande maioria dos sistemas de abastecimento público no Brasil, já dispõem dos processos de filtração e desinfecção, que devem remover ou inativar o vírus que causa a COVID-19.

O agente desinfetante deve ser aplicado na estação de tratamento, visando a eliminação imediata do vírus. Além disso, deve ser mantido um residual, para garantir a eliminação caso ocorra alguma contaminação no sistema de distribuição (rede e reservatório).

A eficiência da desinfecção é função de diversos fatores, como tempo de contato com a água, dosagem, tipo de agente químico, intensidade e natureza do agente físico utilizado como desinfetante e tipos de organismos.

É de grande importância que os responsáveis pelos sistemas de abastecimento público procedam a desinfecção da água antes da distribuição. A etapa de desinfecção da água tem caráter preventivo e corretivo. No entanto, há, ainda, muitos municípios brasileiros cujas águas de abastecimento público não são submetidas à etapa de desinfecção antes da distribuição.

Saneamento Básico

Setor Hídrico e Covid-19

O saneamento básico está diretamente ligado à saúde. Em 2018, números do Datasus mostraram que o país contabilizou mis de 200 mil internações por doenças de veiculação hídrica, sendo 50% em crianças de 0 a 5 anos. A diarreia causa anualmente, em todo o mundo, a morte e 361 mil crianças com menos de 5 anos. A coleta de esgoto e o acesso à água potável poderiam evitar 88% dessas mortes.

Segundo um estudo conduzido pela KPMG em parceria com a Abcon - Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, o Brasil precisa investir R$ 753 bilhões até 2033 se quiser universalizar o saneamento e oferecer serviços adequados de água e esgoto para a população de todas as regiões.

A garantia de fornecimento de água potável de qualidade e a provisão de condições de saneamento adequadas são fatores essenciais para a segurança e proteção da saúde da população, especialmente durante surtos de doenças infecciosas como o que estamos vivendo agora.

A Flush Engenharia salienta que o saneamento básico constitui um direito fundamental inerente à pessoa humana. No Brasil, houve avanços no abastecimento de água potável, mas muito pouco no tratamento de efluentes.

A Flush Engenharia desenvolve projetos personalizados com consultores especializados, utilizando tecnologias avançadas de tratamento de água e efluentes.


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