A pegada hídrica da carne bovina
As atividades de agricultura e de criação animal consomem grandes volumes de água. Para se ter uma ideia, 961 mil litros (83% do total gasto) são utilizados a cada segundo para irrigar plantações e matar a sede dos rebanhos em todo País. No consumo urbano, o volume fica em 104 mil litros (9% do total), de acordo com dados da mostra Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, publicada pela Agência Nacional de Águas (ANA).
Estima-se que a pegada hídrica por quilograma de carne seja de 10,5 m³, muito maior que a de ovelhas, porcos, cabras e frangos, e não importa se o gado é alimentado com capim ou criado industrialmente. Um terço da água usada para toda a produção animal é destinada ao gado de corte. Adicione outros 19% para gado leiteiro.
Água Virtual
Grande parte da água usada pelo gado é “água virtual” ou água que entra em outros produtos que sustentam os animais. A cadeia de suprimentos de produtos começa com o cultivo de alimentos, que é o mais intensivo no consumo de água de muitas etapas no caminho para o consumidor. Além de estar no extremo oposto da cadeia de suprimentos, é frequentemente a etapa mais remota do consumidor em termos de geografia e conscientização.
Impactos Ambientais
A contaminação do escoamento superficial da agricultura é chamada de contaminação por fontes não pontuais (NPS, por sua sigla em inglês) e tem o maior impacto ambiental nas águas subterrâneas e superficiais. Existem muitas fontes e estratégias para controlar o escoamento contaminado com nutrientes.
Os produtores de gado podem controlar a contaminação, minimizando o escoamento do armazenamento de esterco e os currais de engorda com uma localização adequada. O escoamento também pode ser armazenado e tratado. Os métodos para minimizar o escoamento agrícola incluem desvios de águas superficiais, valas de gotejamento, tampões de filtro de grama, bacias de sedimentos, drenagem subterrânea e tanques de retenção por evaporação ou pouca profundidade.
Reuso dos efluentes produzidos em matadouros
Por ser um setor que exige grande utilização da água em todo o processo produtivo, a agroindústria gera grande quantidade de efluentes com significativa carga de resíduos sólidos, bem como uma elevada carga orgânica. Este efluente oriundo da limpeza/higienização das instalações apresenta alta Demanda Química de Oxigênio (DQO) e Demanda Biológica de Oxigênio (DBO).
Dessa forma, busca-se soluções de gestão e tratamento que levem, não somente à redução desses resíduos na sua geração, como também o descarte de um efluente mais limpo no meio ambiente, aliado ao reuso da água em diversas aplicações, como na irrigação.
O reuso de efluentes após tratamento na irrigação é realidade em alguns países, como Israel, no qual 65% do efluente sanitário tratado são utilizados na irrigação agrícola. No México, 45.000 litros/por segundo, de esgoto produzidos na cidade do México são misturados diariamente com água de chuva para irrigação de 80.000 hectares cultivados com cereais e forragens.
Na Austrália, áreas de 600 hectares cultivadas com cana-de-açúcar estão sendo irrigadas com efluentes de tratamento de esgoto. A utilização dos efluentes proporcionou aumento de 45% da produção e 62,5% da produção de açúcar.
No Brasil, já existe atividade de reuso de água com fins agrícolas em certas regiões, porém sem controle adequado de impactos ambientais e de saúde pública. Por isso há necessidade de se institucionalizar, regulamentar e promover o setor através da criação de estruturas de gestão, preparação de legislação, disseminação de informação, e do desenvolvimento de tecnologias compatíveis com as nossas condições técnicas, culturais e socioeconômicas.
O efluente de bovinocultura possui componentes poluentes em concentrações suficientemente altas para constituírem risco de desequilíbrio ambiental quando dispostos inadequadamente . A utilização agrícola desse tipo de efluente surge como alternativa e oportunidade.
Porém para a aplicação desses efluentes tratados seja na agricultura ou para limpeza hidráulica das instalações, é necessário um processo de tratamento que garanta a segurança da aplicação.
Os processos de separação por membranas constituem métodos seguros e eficazes para o tratamento de efluentes oriundos da bovinocultura e reuso tanto para limpeza das instalações quanto para a agricultura.
A Flush Engenharia desenvolve projetos personalizados com consultores especializados, utilizando tecnologias avançadas de tratamento de água e efluentes, como os Processos com membranas. O estudo de cada efluente a ser tratado é etapa fundamental em nossos projetos para a escolha da sequência de tratamento adequada.
Entre em contato conosco e conheça nossos serviços.
Por Gabriela Marques dos Ramos
Fonte: Portal Tratamento de Água (02/03/2020) , Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa