Reúso de Água Cinza

Reúso de Água Cinza

As águas residuais provenientes dos esgotos domésticos são divididas em:

1) Água Negra: presença de excretas humanas, como urinas e fezes.

2) Água Cinza: ausência de excretas humanas.

3) Água amarela: somente a urina.

4) Água marrom: somente as fezes.

A água cinza pode ser definida como toda água residencial, ou seja, não-industrial, proveniente dos lavatórios, chuveiros, pias, tanques e máquinas de lavar roupa e louça. A água negra é proveniente das bacias sanitárias. A água cinza corresponde de 50 a 80% do esgoto residencial.

Existem referências que subdividem a terminologia desse efluente em clara e escura. O efluente cinza claro, é o que não inclui em sua composição as águas residuárias provenientes de pias de cozinha, por isso a coloração mais clara. Já o efluente cinza escuro inclui a água proveniente de pias da cozinha e máquinas de lavar louça que, devido à presença de óleos e gorduras, o torna mais sujo.

Essa diferenciação entre cores é importante pois facilita a caracterização e o tratamento final do efluente: a água cinza necessita de um tratamento mais simples, já a água negra precisa de um tratamento mais complexo. A segregação de cada tipo de efluente na fonte de geração permite o tratamento adequado dos efluentes, sendo a solução para melhorar eficiência no reuso da água. Mudanças na estrutura hidráulica são necessárias, portanto, para separar as duas principais cores de água, impedindo qualquer contato entre elas.

A água cinza contém teor médio de 48 g de DQO por pessoa, enquanto a água negra apresenta, em média, 72 g de DQO por pessoa. A maior parte da DQO na água cinza tem origem nos produtos químicos e detergentes utilizados para limpeza. A água cinza também contém componentes químicos provenientes do uso de shampoos, perfumes, tinturas e sabões, entre outros.

Reuso de Água Cinza

Reúso de Água Cinza

O tratamento e reuso da água cinza é uma das formas de minimizar o problema iminente da escassez de água em áreas urbanas. Após seu tratamento, esta água pode ser reutilizada em descargas de vasos sanitários, lavagem de carros ou irrigação de jardins, reduzindo de 30 a 60% o requerimento por água potável em uma edificação.

A segregação na fonte e o aproveitamento dessas águas são mecanismos importantes em termos de uso racional da água, pois contribuem para reduzir a pressão sobre os mananciais e a demanda de água potável para fins que não requeiram água de elevada qualidade.

Além disso, o reuso de água cinza gera benefícios econômicos, podendo reduzir a conta de água em até 60%.

Vantagens do reuso das águas cinzas:

– Economia na conta de água;

– Conservação dos recursos hídricos;

– Minimiza a poluição hídrica nos mananciais;

– Maximiza a infra-estrutura de abastecimento de água da rede;

– Alívio na demanda no tratamento de esgoto da rede;

– Estimula o uso racional e a conservação de água potável;

– Permite a reciclagem de nutrientes.

A vantagem da utilização destas águas em sistemas de reuso está relacionada com a menor presença de poluentes, principalmente se comparadas com o esgoto bruto, permitindo assim o emprego de processos de tratamentos mais simplificados.

A implantação de sistemas de reuso utilizando águas cinzas para fins não potáveis, seja no setor industrial, agrícola ou urbano, traz um grande número de benefícios não só ambiental, mas também econômico e social. Assim, a implementação em larga escala de sistemas de reuso em edificações residenciais, comerciais e industriais representariam uma grande contribuição para a redução na demanda por água potável, permitindo o seu direcionamento para atividades que realmente necessitem de um nível de qualidade mais elevado.

Normas e Legislação

Países como Austrália, Japão e alguns municípios da Espanha já consideram o reuso de água cinza tratada, sendo incentivados pelo governo com programas de instalação de unidades de tratamento. No Japão, tornou-se obrigatório o reuso da água cinza para edifícios com área a partir de 30.000 m², ou com potencial de reuso de 100 m³/dia.

No Brasil, algumas cidades contam com leis para o reuso de água, como Niterói (RJ), que aprovou a lei 2.856/2011, que obriga o reuso das águas cinzas em novos empreendimentos com consumo superior a 20 m³ de água/dia.

Belo Horizonte e mais recentemente a cidade do rio de janeiro (Lei Nº 7463 de 18/10/2016) também contam com leis que regulamentam os procedimentos para armazenamento de águas pluviais e águas cinzas para reaproveitamento e retardo da descarga na rede pública.

As aplicações de reuso devem ganhar um importante reforço no Brasil com a publicação do dia 19 de novembro de 2019, da norma NBR 16783 – Uso de fontes alternativas de água não potável em edificações.

O documento propõe diretrizes para caracterização, uso, operação e manutenção de sistemas alternativos de água não potável em edificações.

Contemplas os seguintes usos:

- Descargas em bacias sanitárias e mictórios;

- Lavagem de logradouros, pátios, garagens e áreas externas;

- Lavagem de veículos;

- Irrigação para fins paisagísticos;

- Uso ornamental;

- Sistemas de resfriamento (torres de resfriamento);

- Aquecimento de telhados.

Os projetos de sistemas para produção de água a partir de fontes alternativas, especialmente de águas cinzas e esgoto devem considerar:

- A elevação da concentração de contaminantes com o reuso;

- A necessidade de reavaliar as condições de operação de sistemas de resfriamento;

- O uso de tecnologias mais modernas capazes de assegurar a obtenção de água não potável com qualidade superior aos padrões definidos na norma;

- A possibilidade de ingestão de água não potável, principalmente em edificações residenciais.

Tecnologias para o Tratamento e Reuso de Água Cinza

Dentre as tecnologias disponíveis para o tratamento desse tipo de efluente, os processos de separação com membranas (PSM) merecem destaque, produzindo água livre de microrganismos, contaminantes e particulados, e, no caso da Nanofiltração e Osmose Inversa, de componentes dissolvidos.

Os PSM apresentam vantagens como baixo consumo de energia; condições brandas de operação; dispensam o uso de aditivos; são de fácil escalonamento; podem ser combinados a outros processos de separação; geram menor quantidade de resíduos; além de se destacarem dentre outras tecnologias como um processo ambientalmente responsável.

Dentre os processos de separação por membranas, a Ultrafiltração é usada para a remoção de sólidos suspensos na água. As membranas de Ultrafiltração são uma barreira física segura de retenção de microrganismos (incluindo vírus), óleos e materiais em suspensão, permitindo a passagem da água e dos componentes solúveis presentes. Deste modo, a ultrafiltração fornece um efluente sanitizado e isento de sólidos.

A Nanofiltração se apresenta como alternativa promissora no tratamento de águas residuais, pela sua eficiência na remoção de matéria orgânica dissolvida. A técnica é usada para o controle de poluentes emergentes, como produtos químicos de desregulação endócrina, farmacêuticos e de higiene pessoal.

A Flush Engenharia desenvolve soluções para o tratamento e reuso de água cinza, utilizando técnicas avançadas de tratamento, incluindo os processos de separação por membranas, garantindo a qualidade da água de reuso para as mais diversas aplicações.

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Por Gabriela Marques dos Ramos


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